19 junho 2007

No fundo da noite



No fundo da noite
O receio da perda
do fracasso
do engano
do cansaço
Das lágrimas escondidas
Das mágoas sentidas
Que salgam o fundo deste mar

Quero libertar-me desta sombra
Adoçar a amargura
Com a carícia desse olhar
Tão desejado
Tão doce
Tão teu

Abraça-me…

E agora vai
Pega na tua espada
Bate-te por mim nesta batalha
Luta por mim, por ti, por nós…

Liberta-me…

Faz-me partir
Partir para voltar
A voar sem tocar no chão

Tudo por um efémero instante
De pura felicidade
Só isso…
Mais nada…

Abraça-me...


08 junho 2007

Lua



Surges intimista, numa pintura de sombras que te elevam triunfalmente pelo céu, abraçando o mar, o silêncio e a calma.
Iluminas a noite mais escura com uma neblina de fantasia e mistério, inspirando e apaixonando este mundo alienado, que se rende encantado pelo teu olhar.
Perco-me na tua aura de contemplação e brilho, deliciosa cúmplice de noites de viagem por esta ilha entorpecida, cheirando a verde molhado, a paixão e a loucura.
Ou então em noites de solidão, em que me sentava à janela aberta dos sonhos, com um cigarro na mão e os olhos fixos em ti.
Foste confidente de muitas, inúmeras divagações.
Até que os olhos sonolentos desistiam pelo cansaço e conduziam-me até à cama, sentindo a tua luz velada a entrar sorrateira pelo quarto, até que adormecesse, com um sorriso no rosto, como a filha que sente a mãe a observá-la de mansinho e finge dormir profundamente.
Só para sentir esse carinho.