28 setembro 2009

O amor em visita


E à alegria diurna descerro as mãos. Perde-se
entre a nuvem e o arbusto o cheiro acre e puro
da tua entrega. Bichos inclinam-se
para dentro do sono, levantam-se rosas respirando
contra o ar. Tua voz canta
o horto e a água - e eu caminho pelas ruas frias com
o lento desejo do teu corpo.

Beijarei em ti a vida enorme, e em cada espasmo
eu morrerei contigo.

Herberto Hélder in Ofício Cantante

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