27 março 2006

Homenagem



Hoje é um dia igual a tantos outros, mas resolvi vir a este blog e deixar-te uma homenagem…

Em poucos meses fará três anos que partiste, não sei bem para onde, mas certamente para um lugar de paz, sem as vicissitudes da vida e o sofrimento da doença…

Foi muito doloroso ver-te agonizante, sem cura, sem nada que pudesse fazer por ti…
Fiquei chocada, sem palavras, sem saber bem o que pensar… “fechei-me” no meu casulo de sofrimento, quando sabia que havia tanto que te queria dizer… e já não havia tempo…

Gostaria de te ter dito “AMO-TE” muitas vezes…. mas não o disse… nós nunca fomos dessas coisas, sabes bem disso, mas também sempre soubemos que os sentimentos existem por si mesmos… e os mais genuínos não têm palavras.

Recordo-me de ti inúmeras vezes, umas vezes vêm as lágrimas, outras não, às vezes sinto que estás perto, sinto que olhas por mim…

Contigo cresci e aprendi umas das lições de vida que mais prezo e admiro: que a honestidade e o carácter é o que temos de mais precioso, e é a única coisa que podemos trazer connosco para sempre, quaisquer que sejam as circunstâncias…

Sei que mereceste cada centavo que ganhaste em toda a tua vida terrena… o trabalho arrancou-te tudo o que podia, e mesmo na miséria e necessidades de tempos passados, nunca deixaste de lutar… a verdade é que já ninguém trabalha assim nos dias de hoje….

Foste um homem forte, forte até ao fim, nunca vacilaste na tua força e nela te apoiaste mesmo quando soubeste que irias inevitavelmente morrer de uma morte terrível… mas ninguém te viu chorar de auto-comiseração… aceitaste o teu destino como poucos e orgulho-me profundamente de ti por isso.

Quero que saibas que não foste perfeito, mas ninguém o é… e quem pensar que o é estará certamente a iludir-se …

Foste, és e sempre serás, um pilar de honestidade a que me ancorei e do qual muito me orgulho, porque nunca te vendeste, nunca te deixaste influenciar e ensinaste-me que mais importante que irmos “bater com a mão no peito” à igreja, era sermos HONESTOS.

Onde quer que estejas neste momento sei que sentirás estas palavras…
sei que estás aí algures, a olhar por todos os que te são queridos. Continuarei a acreditar nisso e continuarei a sentir a tua presença, mesmo que ténue, no fundo da minha alma...

24 março 2006

"Prazer dos Diabos"

Um óptimo programa...
Tento não perder nenhum, e consegue verdadeiramente fazer-me rir... José de Pina, de um humor exigente e umas ideias fabulosas, é para mim a personagem chave daquele programa, enquanto que Alvim dá o tom despreocupado e jovem que também se quer e Pedro Boucherie um tom talvez mais sério e crítico.
É sem dúvida um "must" para quem gosta de crítica social e política, com bom humor à mistura.
Aqui têm algumas informações sobre o programa, para quem ainda não o conhece:
"Todas as Quartas-Feiras, das 22.30 às 23.30 horas, o Prazer dos Diabos mantém-se como o primeiro programa do dia dedicado às produções nacionais. A SIC Comédia veste a capa de serviço público e apresenta um programa de crítica gratuita, crescente e descontrolada, ao vivo e em directo. No Prazer dos Diabos fazemos nós, na televisão, o que os cidadãos frequentemente fazem entre amigos, em casa, no trabalho, nos cafés ou nos estádios de futebol. E se é para dizer mal então que se diga mal mas a rir, a rir muito! O Prazer dos Diabos procura representar a população activa descontente e não se destina a uma faixa etária específica. Neste talk-show visado para chegar a todas as idades pensantes, as cinco unidades que enchem o painel crítico vão dar voz à vizinha que se queixa do aumento do preço do leite, à criança descontente com a excessiva repetição do mesmo episódio do Bernie Mac na SIC Comédia, ao treinador de bancada, ao ex-ministro e ao desgraçado que perdeu o emprego à hora de almoço."

Prazer dos Diabos
Quartas-Feiras,
21:30 horas (directo)
Sexta-Feira, 23:00
Sábado, 21.00 horas

"O Cerco" - Vale a pena ler....

Cá está um excerto de um texto, que não sei onde foi publicado, mas que, a meu ver, merece um post de destaque neste blog, não só porque o subscrevo em grande parte, mas também porque gosto sinceramente da frontalidade e da acutilância que Miguel Sousa Tavares transmite na sua escrita....
Penso que não há nada mais grandioso do que sermos verdadeiros, mesmo correndo o risco de sermos "desagradáveis" aos olhos daqueles que, provavelmente por cobardia, não se conseguem exprimir da mesma forma...
Muito bem Miguel Sousa Tavares!
"JÁ FALTOU mais para que um dia destes tenha de passar à clandestinidade ou, no mínimo, tenha de me enfiar em casa a viver os meus vícios secretos.
Tenho um catálogo deles e todos me parecem ameaçados: sou heterossexual «full time»; fumo, incluindo charutos; bebo; como coisas como pezinhos de coentrada, joaquinzinhos fritos e tordos em vinha d'alhos; vibro com o futebol; jogo cartas, quando arranjo três parceiros para o «bridge» ou quando, de dois em dois anos, passo à porta de um casino e me apetece jogar «black-jack»; não troco por quase nada uma caçada às perdizes entre amigos; acho a tourada um espectáculo deslumbrante, embora não perceba nada do assunto; gosto de ir à pesca «ao corrido» e daquela luta de morte com o peixe, em que ele não quer vir para bordo e eu não quero que ele se solte do anzol; acredito que as pessoas valem pelo seu mérito próprio e que quem tem valor acaba fatalmente por se impor, e por isso sou contra as quotas; deixei de acreditar que o Estado deva gastar os recursos dos contribuintes a tentar «reintegrar» as «minorias» instaladas na assistência pública, como os ciganos, os drogados, os artistas de várias especialidades ou os desempregados profissionais; sou agnóstico (ou ateu, conforme preferirem) e cada vez mais militantemente, à medida que vou constatando a actualidade crescente da velha sentença de Marx de que «a religião é o ópio dos povos»; formado em direito, tornei-me descrente da lei e da justiça, das suas minudências e espertezas e da sua falta de objectividade social, e hoje acredito apenas em três fontes legítimas de lei: a natureza, a liberdade e o bom senso.
Trogloditas como eu vivem cada vez mais a coberto da sua trincheira, numa batalha de retaguarda contra um exército heterogéneo de moralistas diversos: os profetas do politicamente correcto, os fanáticos religiosos de todos os credos e confissões, os fascistas da saúde, os vigilantes dos bons costumes ou os arautos das ditaduras «alternativas» ou «fracturantes». Se eu digo que nada tenho contra os casamentos homossexuais, mas que, quanto à adopção, sou contra porque ninguém tem o direito de presumir a vontade «alternativa» de uma criança, chamam-me homofóbico (e o Parlamento Europeu acaba de votar uma resolução contra esse flagelo, que, como está à vista, varre a Europa inteira); se a uma senhora que anteontem se indignava no «Público» porque detectou um sorriso condescendente do dr. Souto Moura perante a intervenção de uma deputada, na inquirição sobre escutas na Assembleia da República, eu disser que também escutei a intervenção da deputada com um sorriso condescendente, não por ela ser mulher mas por ser notoriamente incompetente para a função, ela responder-me-ia de certeza que eu sou «machista» e jamais aceitaria que lhe invertesse a tese: que o problema não é aquela deputada ser mulher, o problema é aquela mulher ser deputada; se eu tentar explicar por que razão a caça civilizada é um acto natural, chamam-me assassino dos pobres animaizinhos, sem sequer quererem perceber que os animaizinhos só existem porque há quem os crie, quem os cace e quem os coma; se eu chego a Lisboa, como me aconteceu há dias, e, a vinte quilómetros de distância num céu límpido, vejo uma impressionante nuvem de poluição sobre a cidade, vão-me dizer que o que incomoda
verdadeiramente é o fumo do meu cigarro, e até já em Espanha e Itália, os meus países mais queridos, tenho de fumar envergonhadamente à porta dos bares e restaurantes, como um cão tinhoso; enfim, se eu escrever velho em vez de «idoso», drogado em vez de «tóxicodependente», cego em vez de «invisual», preso em vez de «recluso» ou impotente em vez de «portador de disfunção eréctil», vou ser adoptado nas escolas do país como exemplo do vocabulário que não se deve usar. Vou confessar tudo, vou abrir o peito às balas: estou a ficar farto desta gente, deste cerco de vigilantes da opinião e da moral, deste exército de eunucos intelectuais.
Agora vêm-nos com esta história dos «cartoons» sobre Maomé saídos num jornal dinamarquês. Ao princípio a coisa não teve qualquer importância: um «fait-divers» na vida da liberdade de imprensa num país democrático. Mas assim que o incidente foi crescendo e que os grandes exportadores de petróleo, com a Arábia Saudita à cabeça, começaram a exigir desculpas de Estado e a ameaçar com represálias ao comércio e às relações económicas e diplomáticas, as opiniões públicas assustaram-se, os governantes europeus meteram a viola da liberdade de imprensa ao saco e a srª comissária europeia para os Direitos Humanos (!) anunciou um inquérito para apurar eventuais sintomas de «racismo» ou de «intolerância religiosa» nos «cartoons» profanos. Eis aonde se chega na estrada do politicamente correcto: a intolerância religiosa não é de quem quer proibir os «cartoons», mas de quem os publica!
A Dinamarca não tem petróleo, mas é um dos países mais civilizados do mundo: tem um verdadeiro Estado Social, uma sociedade aberta que pratica a igualdade de direitos a todos os níveis, respeita todas as crenças, protege todas as minorias, defende o cidadão contra os abusos do Estado e a liberdade contra os poderosos, socorre os doentes e os velhos, ajuda os desfavorecidos, acolhe os exilados, repudia as mordomias do poder, cobra impostos a todos os ricos, sem excepção, e distribui pelos pobres. A Arábia Saudita tem petróleo e pouco mais: é um país onde as mulheres estão excluídas dos direitos, onde a lei e o Estado se confundem com a religião, onde uma oligarquia corrupta e ostentatória divide entre si o grosso das receitas do petróleo, onde numa polícia de costumes varre as ruas em busca de sinais de «imoralidade» privada, onde os condenados são enforcados em praça pública, os ladrões decepados e as «adúlteras» apedrejadas em nome de um código moral escrito há quase seiscentos anos. E a Dinamarca tem de pedir desculpas à Arábia Saudita por ser como é e por acreditar nos valores em que acredita?
Eu não teria escrito nem publicado «cartoons» a troçar com Maomé ou com a Nossa Senhora de Fátima. Porque respeito as crenças e a sensibilidade religiosa dos outros, por mais absurdas que elas me possam parecer. Mas no meu código de valores que é o da liberdade - não proíbo que outros o façam, porque a falta de gosto ou de sensibilidade também têm a liberdade de existir. E depois as pessoas escolhem o que adoptar. É essa a grande diferença: seguramente que vai haver quem pegue neste meu texto e o deite ao lixo, indignado. É o seu direito. Mas censurá-lo previamente, como alguns seguramente gostariam, isso não.
É por isso que eu, que todavia sou um apaixonado pelo mundo árabe e islâmico, quando toca ao essencial, sou europeu – graças a Deus. Pelo menos, enquanto nos deixarem ser e tivermos orgulho e vontade em continuar a ser a sociedade da liberdade e da tolerância."
Miguel Sousa Tavares

10 março 2006

O Controverso "Código da Vinci" de Dan Brown


Foi com alguma "indignação" que li este excerto no jornal "Público"...
A notícia já tem um ano mas não deixa de ser bem actual...

"Código Da Vinci" na lista dos livros proibidos pelo Vaticano
15.03.2005

O Vaticano incluiu hoje o "best-seller" mundial "Código Da Vinci", do escritor Dan Brown, na lista das obras literárias a "não ler nem comprar", acusando-a de ser um "castelo de mentiras".

"Não leiam e não adquiram o 'Código Da Vinci'", afirmou o cardeal Tarcisio Bertone aos microfones da Rádio Vaticano, considerando que não se faz um romance "mistificando factos históricos, dizendo mal ou difamando uma personagem histórica que tem o seu prestígio e a sua reputação na história da Igreja e da humanidade".

No centro da polémica da obra está a filha de Jesus, que terá nascido de uma união com Maria Madalena, e a sua descendência. Segundo a obra de Dan Brown, a Igreja Católica tentou por todos os meios, ao longo da História, esconder essa verdade, no sentido de preservar o carácter divino de Jesus.
No romance, a Opus Dei é apresentada como uma das personagens perversas da intriga.

As referências ao Santo Graal e aos símbolos escondidos nas principais obras de Leonardo da Vinci valeram a Dan Brown a acusação, não apenas da Igreja Católica, de ter deformado a realidade hsitórica.

No seu sítio online, o escritor sublinha que a sua obra "é um romance e por essência um livro de ficção". Dan Brown defende-se de ter escrito um livro anti-cristão e sustenta que se esforçou "para fazer uma descrição o mais equilibrada possível da Opus Dei".

A Congregação para a Doutrina da Fé, da qual o cardeal Bertone foi secretário durante vários anos, ficou responsável pela actualização regular do "index de livros interditos" (Index librorum prohibitorum) da Igreja Católica. Um dos últimos escritores a entrar na lista foi o italiano Alberto Moravia."

É incrível o modo como a Igreja Católica, MAIS UMA VEZ, procura "ludibriar" e continuar teimosamente a levar os seus milhões de fiéis por esta fantasia interminável...
Fico triste por pensar que há tantas pessoas que ainda vivem "sufocadas" por uma fé que supostamente as salva... talvez até seja uma bela forma de aliviar a consciência... mas talvez deveriam pensar mais na procura da verdade e do carácter, para consigo próprios e sobretudo para com os outros....

Em conclusão:
"O Cógido da Vinci" pode muito bem ser uma grande jogada de marketing, mas é sem dúvida a obra mais controversa apresentada até hoje, sobre o infindável mistério em redor da fundação do cristianismo... há que abrir os olhos e encarar a realidade: somos seres humanos e até espirituais... mas não venham com histórias da Carochinha... essas contam-se às crianças.