16 abril 2006

Um dia de primavera no meu coração


Acordei e vi lá fora um belo dia de primavera… não encontraria melhor dia para falar de ti.
Sabes que embora já não estejas presente na minha vida terrena há muitos anos, tens-me acompanhado espiritualmente, diria até como a minha secreta heroína. Sempre gostamos muito uma da outra, e guardo com imensa ternura as imagens que me vêm à memória quando me lembro de ti…
Lembro-me do teu sorriso, de bochechas vermelhinhas, da manga curta porque nunca tinhas frio, das conversas com os vizinhos que passavam na rua e que eram sempre acolhidos com a tua simpatia e as tuas palavras de conforto… e eras capaz de estar horas a conversar com qualquer pessoa, nova ou velha, conhecida ou desconhecida… porque era sempre com a mesma simpatia que acolhias todas elas.
Lembro-me das inúmeras vezes que te fui visitar, e de me sentar na tua cadeira de baloiço, com vista para a rua, cadeira que desde logo te pedi que fosse minha um dia, pois no fundo era um símbolo do carinho que tínhamos uma pela outra, e de todas as horas que passamos sentadas naquela cadeira, em longas conversas de tudo e de nada…
Lembro-me de belos dias de Verão passados na tua casa, correndo pelas tuas quintas, explorando e sentindo o cheiro da terra, vendo se as galinhas tinham ovos, se havia uvas nas parreiras, se as ameixas já estavam escurinhas para comer…
Lembro-me de tudo isto com a saudade da infância que me permitiu conhecer-te, embora já mais velhinha, vestida de preto pelo luto… mas sempre bem disposta.
Lembro-me de abrir todas as tuas gavetas, à procura de qualquer coisa, que, por mais pequeno e insignificante que fosse, para mim era a descoberta de um tesouro.
Lembro-me com ternura do teu jardim, cheiinho de malmequeres, de rosas, e de todo o amor que lhes davas…
Lembro-me da alegria que sentia quando vinhas passar uns dias a minha casa, porque sabia que a tua alegria e vivacidade contagiava todos.
Depois veio a doença e ficaste mais tristinha… mas não é assim que me quero lembrar de ti agora…
Sabes, tu foste e és a minha heróina, a pessoa mais perfeita que conheci até hoje, talvez pela sabedoria que os muitos anos de vida te deram, nunca dizias nada em vão e quando falavas as tuas palavras eram sempre de carinho e de atenção…
Sei que nem sempre foste assim, mas foi assim que eu te conheci e é assim que te guardo num lugar muito especial... Quero que saibas disso, quero que saibas que te admirarei sempre...
como um dia de primavera no meu coração.

1 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

Há avós muito sortudas e netas muito especiais. Tu és uma delas.
Desde que vivo em permanência nesta nossa terra que percebo que a maioria das pessoas tem um valor imenso que não revela.
Tu escreves admiravelemnte e és muito criativa. Dificilmente as pessoas poderão adivinhar todo o teu potencial se não o mostrares e, no entanto, estás por detrás de uma secretária, se calhar a fazer algumas coisas menos interessantes quando podias fazer outras que te dessem mais prazer e para as quais és profundamente dotada.
temos que ocnversar um dia destes.
Beijinhos
maenegra

sábado, 17 fevereiro, 2007  

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