Rotas & Destinos - O Tesouro Encontrado
Poderão ver a versão integral em:
De qualquer forma, não poderia deixar de transcrever uma parte do texto que me pareceu muito interessante:
Nas Flores é a Natureza quem tem a primeira palavra. Compreendemo-lo logo no primeiro dia, quando a velocidade a que seguíamos foi contida pela possibilidade de encontros fatais com bovinos fugidos das pastagens; pelas centenas de coelhos suicidas que se atravessaram na estrada, e pelo mood instável dos céus, que ora se abriam para nos iluminar o caminho, ora se abatiam sobre nós sob a forma de um espesso manto de nevoeiro.
(...)
Os dias nas Flores passam-se em contacto com o mundo natural e selvagem. As caminhadas são pretexto para jornadas de regeneração pulmonar, provavelmente solitárias e silenciosas – a vantagem de se partilhar uma ilha com menos de cinco mil habitantes. No percurso que experimentámos entre Ponta Delgada e a Ponta da Fajã apenas uma cabra e um cagarro se atravessaram no caminho. Ou nós no deles. Por toda a parte o chilrear dos melros pretos, o perfume dos incensos e do mar – de um azul tão intenso que quase fere olhar – embriagavam-nos os sentidos. Compreendemos, então, o sorriso de felicidade estafada das holandesas que encontrámos no dia anterior, e que, após meia dúzia de horas a suar por trilhos íngremes, anunciavam o desejo de repetir a dose assim que as pernas o permitissem. Deixando terra firme, não falta, igualmente, que fazer. O mergulho é bastante procurado, pois pode ser feito a diferentes profundidades: em baixios, nas grutas ou na baía. Permite apreciar desde os peixes sedentários dos Açores como meros, bodiões, vejas e moreias, aos migratórios, de que são exemplo as serras, albacoras, lírios e bicudas. Está-se em pleno Atlântico, mas as águas rondam os 20ºC e a visibilidade os 30 metros! Menos radical, mas não menos interessante é a volta à ilha de barco. As grutas são os atractivos mais cobiçados – a dos Enxaréus, conta-se, servia de refúgio aos corsários no século XVI – mas o simples convívio com a brisa marítima e com os bandos de garajaus seria pretexto mais que válido para enfrentar o mar. "
(...)
0 Comentários:
Enviar um comentário
Subscrever Enviar feedback [Atom]
<< Página inicial