30 março 2007
25 março 2007
Pedras de Basalto
Pedras
Pedras que lançamos
Que atiramos
Que recolhemos
Que guardamos
Pedras com as quais se construiu o passado
Se destrói o presente
Se planeia o futuro
Pedras de muitas formas e muitas cores
Pedras que dividem o mundo e a realidade
Entre o vazio e o cheio
Entre o lado de cá e o lado de lá
Entre o que está por cima e o que está por baixo
Entre o novo e o velho
Entre o conhecido e o desconhecido
Decerto encontramos muitas pedras no nosso caminho
Podemos ignorá-las e seguir em frente
Ou podemos pegar-lhes, uma a uma
E construir uma casa
Simples, feita de sonhos na escuridão do basalto
Um abrigo que só a nós pertence
Porque foi assente com as pedras do nosso caminho
22 março 2007
21 março 2007
Slow Down Now!
19 março 2007
16 março 2007
Aguarela
Pintalgado com os tons do pôr-do-sol
Que se esbatem na noite que se aproxima
Quente e inspiradora,
juntos vemos o mar
Calmo
Tranquilo
Silencioso
Que se encosta à rocha suavemente
numa carícia molhada de maresia.
E a rocha que fica embriagada
rende-se, seduzida.
Pequenas nuvens e estrelas
vão espreitando a noite que chega,
espelhando-se nas águas,
numa aguarela pintada por Deus.
O único Deus que conheci.
Nós
As estrelas
E o mar
O reflexo de Vénus
E a luz de um farol a passar.
(Flores, Verão de 2002)
05 março 2007
01 março 2007
Que voz seria?
para Sophia, in memoriam
Meia-noite! Navegamos para sul. Digo meia-noite
sem escutar no relógio. Só o tecto da noite, no qual
o meu olhar quanto descobre a esta hora me remete.
Precisa ou imprecisa é uma fronteira.
Digo: Meia-noite! E poderia ser, ou será, a hora
inaugural do dia, canto primeiro do começo.
Na camarinha esqueço a vigia. Não importa mais
que hora será agora. Só o nome
do oceano que atravessamos. Isso me basta.
Todo o navio dorme. Assim me parece. O silêncio
desceu repentinamente. Ou será que, encerrado
em mim mesmo, dele pareço ausente?
É o exacto silêncio da meia-noite. Causa medo,
mais que o mar, ou os lugares desertos do navio,
como a ré, onde se escutam vozes na escuridão.
Assumem contornos de esfinge. Que vozes serão?
Repito: Meia-noite! Já não sei se é para sul
que segue o meu navio. Porque não uma ilha
onde, obstinadamente, os gestos das árvores,
ou a voz interior viessem lembrar
- Estou de passagem!
(Inédito. Praia da Agudela, 3 de Julho de 2004)
Este é um poema de Ivo Machado, um poeta açoriano que se fixou no Porto e que por coincidências da vida tive o previlégio de conhecer.