04 maio 2006

O sorriso amarelo de Mona Lisa



Li esta crónica numa página da GQ Portuguesa, escrita pelo Zé Diogo Quintela (do bem conhecido Gato Fedorento), e achei que focava de forma irreverente e com uma boa dose de humor, a eterna questão, que eu, sendo mulher, até me questiono por vezes: Quem percebe as mulheres?
Então, sem mais demoras, cá está o artigo:

“Tenho grande fé em tudo o que os homens da ciência dizem. Acredito que o universo é infinito. Acredito que não devo misturar aspirina e Coca-Cola. Acredito que, se deixar de respirar durante algum tempo, é possível que faleça.
Agora, confesso que tenho grande dificuldade em acreditar numa notícia que li no jornal de Dezembro do ano passado (é que não dá não deitar fora os jornais: forra-se o caixote do lixo e arranjam-se temas para crónicas. Crónicas que, ou muito me engano, irão acabar nesse caixote do lixo. É a pós-modernidade da escrita). Segundo essa notícia investigadores holandeses descobriram que o sorriso da Mona Lisa indica que ela estava feliz.
Não acredito, por uma simples razão: se já é muito difícil aferir sobre o estado de espírito de uma mulher que está mesmo à nossa frente, como é que é possível fazê-lo com uma mulher que sorriu para um pintor há 500 anos?
A arrogância de achar que é possível saber o que uma mulher está a sentir, só por ver a cara dela, é o género e atitude que não espero encontrar num cientista. Num taxista, encorajo esta bazófia. Num cientista, não. Das duas, uma: ou estes investigadores são charlatães ou um deles é homossexual. (Como é do conhecimento geral, os homossexuais sabem sempre como é que as raparigas se estão a sentir.)
O rosto de uma mulher é imperscrutável.
Às vezes, conseguem exprimir a emoção contrária à que estão a sentir. Imaginem que já várias namoradas minhas desataram a rir quando eu acabei com elas!
É muito complicado interpretar o estado de espírito de uma mulher. A ciência devia tratar disso. Da mesma maneira que desenvolveu a meteorologia para saber o estado do tempo, podiam agora apostar na humorologia, para saber o estado de espírito. “Ela fez as pazes com a mãe, foi promovida e vai passar o fim-de-semana com as amigas. Portanto, proteja-se bem, porque ela vai chorar”.
Ajudava o namorado.
Que ia ter de pedir desculpa. Por precaução. (…)”

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